Visitas digitais a museus não são novidade, mas elas vêm ganhando mais atenção desde a pandemia da COVID-19, quando as visitas normais não eram possíveis. Rosa Iavelberg, professora de Metodologia do Ensino da Arte da Faculdade de Educação da USP, classifica a modalidade virtual de visitas a museus como “fundamental”. Veja como adotar nas escolas.

“Ao mesmo tempo em que as aulas foram virtuais [na pandemia], diversos museus e as instituições culturais criaram visitas orientadas para que diferentes públicos pudessem desfrutar das mostras e das proposições educativas”, explica Rosa, ressaltando não apenas os tours virtuais, mas também as outras ferramentas disponíveis nos sites das instituições artísticas. 

Com o arrefecimento da pandemia, porém, essa atividade não foi encerrada e continua disponível. Ainda hoje, os ambientes digitais de museus e outras instituições artísticas podem ser aliados na educação. Essa é, muitas vezes, a única maneira que os alunos têm de entrar em contato com obras que estão em instituições geograficamente distantes.

Para os professores que quiserem incorporar visitas virtuais em suas disciplinas, diante de tantas opções, a recomendação da especialista é de que os docentes visitem várias exposições e escolham qual está em maior consonância com seus objetivos. Já para os estudantes, uma ideia é que eles participem das propostas educativas elaboradas pelas próprias instituições.

Mais do que uma mera observação de fotos e vídeos das obras, Rosa destaca que é importante que os professores trabalhem os conteúdos artísticos e estabeleçam relações entre eles e questões sociais da atualidade. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU são um exemplo de assunto que pode ser abordado durante essas atividades.

“A mediação em relação aos objetos artísticos estudados deve dar espaço às vozes dos estudantes em relação às imagens e à interação entre eles, que poderão falar, escrever ou criar objetos artísticos a partir das questões que os artistas se colocaram, para expandir as próprias possibilidades de criação”, orienta a professora.

Dicas de museus com visitas virtuais

Hoje, grande parte das principais instituições artísticas do mundo contam com a opção de visita virtual a pelo menos parte de seu acervo. A forma como ela acontece varia, podendo ser uma exibição explicada das principais obras ou uma simulação de visita completa, quando é possível passear pelos corredores de forma mais imersiva.

Entre os museus de arte brasileiros, algumas opções são o MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), o Museu Casa de Portinari, que fica no interior de São Paulo, o MAM-BA (Museu de Arte Moderna da Bahia) e o Instituto Inhotim, em Minas Gerais. 

Internacionalmente, o MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), nos Estados Unidos, o Museu do Louvre, em Paris, na França, o MOMAT (Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio), no Japão e o Museu Picasso de Barcelona, na Espanha, também são opções interessantes.

As visitas virtuais podem, ainda, ser feitas em instituições focadas em história ou ciência. É o caso do Museu Nacional de Antropologia, que fica na cidade do México, e do Museu Nacional Aeroespacial, que fica em Washington, capital dos Estados Unidos.

A professora Rosa Iavelberg recomenda, ainda, as visitas ao Museu Afro-Brasil, que fica em São Paulo, e ao Museu das Culturas Indígenas, também em São Paulo, que difundem a cultura dos povos originários do Brasil. Ambos contam com acervo on-line.

A ferramenta Google Arts & Culture reúne mais de 2000 museus e arquivos do mundo todo e vai além, incluindo, ainda, lugares de relevância histórica e cultural. Por fim, a Prefeitura da Cidade de São Paulo elaborou uma lista com 30 visitas virtuais.

Limitações

Ainda que as visitas virtuais a museus sejam grandes aliadas no ensino e aprendizado, Rosa Iavelberg chama a atenção para as limitações dessa modalidade e a importância de se estimular a presença física nos espaços de arte. “A interação pessoal propicia experiências que a visita virtual, apesar de seu valor, não consegue abarcar”, diz.

Um dos aspectos destacados pela professora é em relação ao hábito de visitar instituições artísticas. Segundo ela, quando há a possibilidade de visita presencial, os estudantes das mais diversas idades “têm oportunidade de criar gosto pela frequentação”.

Além disso, Rosa Iavelberg destaca que os museus são instituições que vão além da exibição de obras artísticas, e estando presencialmente no espaço, as pessoas podem entender melhor as diferentes instâncias, que incluem a curadoria, a conservação do acervo e a parte educativa, entre outras.

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